Por Nicholas Merlone – advogado especialista em Direito da Saúde, jornalista e escritor
Publicado originalmente no Jornal O DIASP (veja aqui!)
A pergunta que fica é: qual a lógica de autorizar aumentos quando o consumidor sente na pele – e no bolso – a piora do serviço? Longas esperas, negativa de cobertura, limitação de exames, cancelamentos unilaterais e reajustes pesados tornaram-se rotina. O valor sobe, mas a qualidade desce. O cliente, que deveria ser protegido, parece ser o último a ser considerado.
Embora a ANS diga que o reajuste é calculado com base em uma fórmula que leva em conta a variação das despesas médicas e a inflação setorial, o consumidor não enxerga transparência nem coerência. A fórmula é técnica, mas o impacto é humano. E o que se vê é que os planos privados têm se distanciado da sua função social, tratando saúde como mercadoria e pacientes como meros números.
Enquanto isso, há uma tendência preocupante: operadoras buscando lucro recorde às custas da redução da cobertura, com práticas muitas vezes questionáveis. A população, por sua vez, vive em constante insegurança: paga caro, mas não sabe se será atendida quando mais precisar.
Não se trata de negar a importância do equilíbrio econômico das operadoras, mas de cobrar mais responsabilidade regulatória da ANS e compromisso ético das empresas do setor. Saúde não pode ser tratada como um pacote de streaming, que você cancela ou limita conforme o humor do mercado.
É urgente que o debate sobre os planos de saúde volte a colocar o paciente no centro da discussão. Afinal, saúde não é privilégio: é direito.
Comentários
Postar um comentário